quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Egocentrismo




“…Mas eu desconfio que a única pessoa livre, realmente livre, é a que não tem medo do ridículo.” 
(Luis Fernando Veríssimo)
 Estava olhando ao meu redor procurando algo que na verdade estava dentro de mim, que vinha procurando dias e dias e acabava por não encontrar.. Nos últimos dias vinha procurando uma paixão, um amor.. por mim. Não havia se perdido, mas também não estava encontrada. Eu andava confusa, tentava entender mais o meu eu, repetia a cada dia aquele amor imenso por mim e tentativas frustadas me perseguiam, incansavelmente. Onde eu ia chegar com tudo aquilo? Egoísmo ou amor próprio?
Eu ia agora ao fundo do meu eu, buscando respostas que talvez não viessem.. - E se eu não pudesse ve-las agora? - Faltava algo no quebra cabeça, faltava a última peça que me daria, talvez, tudo o que eu quisesse, saindo dos conflitos e chegando a paz que eu tanto queria, será que seria assim? - Eu queria que fosse assim. - facilitando os caminhos e amenizando as dores.. desbancar as oportunidades que a vida me mostrava pelo menos algumas vezes, me sentindo realmente amante do meu ser. Apenas eu e meu espelho. Estava cansada de sair com os carinhas errados para poder achar o certo.. não foi assim que ensinaram? Mas não funcionava comigo. Precisava achar o errado que desse certo ou que apenas me desse conclusões certas.. algo tinha que dar certo na minha vida.. tudo já era errado demais. Havia erros e defeitos que nunca saiam de mim, por mais que eu fosse contra isso, eles grudavam mais que pisar em um chiclete.. eu queria realmente mudar, esquecer dos outros e pensar em mim.
Começava aí a tarefa difícil de colocar na balança com os meus defeitos e erros de um lado, do outro lado o meu amor pelo meu ser. Queria sempre pesar mais pelo lado do meu amor.. Cansada sempre de ser a ''boazinha'' e de pensar mais nos outros do que em mim, o mundo só me mostrava, nos últimos dias, como as pessoas são cruéis e só pensavam nelas mesmas.. porque eu,uma mera mortal, não poderia fazer o mesmo? Eu tenho vontade de ser amada por um homem que me faça esquecer dos piores problemas, mas ultimamente essa não era a minha prioridade e agora eu preferia mais seduzir, deixando a dúvida no ar, que mostrar algum interesse que me faria, com toda a certeza, achar que aquilo poderia ser diferente.. Acabei chamando isso de realidade e a outra parte de fantasia. Já era a hora da ''princesinha'' esquecer um pouco do príncipe e pensar em ser rainha, mas daquelas do tipo da era Vitoriana, que segue sem olhar para trás. Com a cabeça feita e o coração trancado,que certamente demoraria agora a se abrir para um qualquer que não me mostrasse seu potencial,não viril, mas seu diferencial, eu seguia agora meus objetivos de cara e alma lavada..Porque o eu te amo agora era para mim e  mais ninguém.. 

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Cinderela



- O que você faz todos os dias para ficar mais bela cada vez que a vejo? - Eu ri envergonhadamente.. quase sem fala. Afinal era um dos nossos primeiros encontros e eu já me sentia assim, tão especial para um estranho que só tinha alguns dias de conhecimento. Mas havia tanta coisa agindo no meu organismo, a adrenalina andava a mil,o coração não batia, pulava cada vez mais.. existia uma ânsia em querer abraça-lo, na verdade em querer ele para mim.. Mas isso era segredo.
Ele acariciava meu rosto e eu sentia como uma pena que passava cada vez mais devagar, acho que ele sentia prazer em me deixar feliz, em sentir a ponta do riso no meu rosto, porque seus dedos brincavam entre meu cabelo e minha face. Naquele momento me sentia amada e protegida, - Queria ele pra mim! - pensei silenciosamente. O pouco tempo que eu vinha me descobrindo,encontrei  algumas suspresas como a de ainda ter vontade de acreditar nas pessoas e principalmente que a  paixão ainda podia acontecer comigo, era como se eu fosse a cinderela que encontrava o  sapato que havia se perdido mas não por fugir e sim por querer realmente perdê-lo. Voltava agora para as minhas memórias trágicas, o medo de acontecer tudo novamente veio tão forte que o coração deu uma semi-parada, mas ao mesmo tempo recebi aquele abraço acolhedor e confortante. Ele surpreendentemente conseguia acalmar com toda a agústia que me agitava aquele momento.. até que de repente ele fala com aquela voz aveluda no meu ouvido... - Eu sinto uma coisa estranha com meu coração, você consegue sentir? - aquilo tornava-se melodia e as batidas no meu coração agora normalizavam-se..
O sol começava a se por, deixando as cores do meu cabelo mais escuras.. e decidimos ir embora. As ruas ali perto ficariam estranhas e o seu lado protetor não o deixaria acontecer nada comigo. Estava sendo inesquecível aquela tarde, estava nascendo uma nova amante e eu queria agarrar aquilo com toda a força que eu podia.. eu fitava seus olhos milhares de vezes e sentia que ele respondia todas as minhas perguntas sem eu sequer falar.
Depois de tantos olhares eu finalmente consegui dar um fim naquele silêncio,encostei em seu ombro antes de nos levantarmos e soltei abafadamente algumas palavras - Serais ce possible alors? (Seria possível então?) - O meu francês arrastado que aprendi com as musicas me deixava envergonhada.. e ele apenas sorriu e respondeu.. - c'est secret, lui dites pas que j'vous l'ai dit. ( isso é segredo, não diga a ele que eu disse a você ) - além da face, sorria meu coração.. e agora a tarde terminava com a sua melhor possibilidade. Andávamos de mãos dadas.