sábado, 30 de outubro de 2010

viver enfim, para mim.




- Que paz é essa? - Suspirei mais uma vez com o ar entrando e me dando não mais oxigênio,mas sim, vida. O peso finalmente saía de mim e voltava a vida, a novidade, o desejo e uma vontade de v i v e r. - Viver! - Repeti isso inúmeras vezes - simplesmente viver, sem nada demais. Seria tão simples assim começar uma nova etapa da vida? Sem dores, sem dúvidas, sem cobranças, ser simples e útil ao mesmo tempo? Não queria saber de nada, estava querendo encarar tudo, tudo junto e de vez.. Para sentir a adrenalina pulsando novamente em minhas veias, me sentir quente, nova; uma mulher nova, diria eu;ser desejada e desejar alguém.. sentir todas as borboletações na barriga algum dia de novo, por um alguém que possa sentir o mesmo e querer o mesmo de mim.
Será que seria tão difícil assim? Eu sei que eu me amava mais que nunca naquele momento, me sentia mais completa por dentro e mais bela, cada vez mais. A vida me passava agora não como mais um peso, mas como um vento que vem limpando tudo, levando e deixando tudo para trás. Mágoas? Isso,sinceramente, fica para quem quiser sofrer, quem quiser ficar o resto da vida chorando e remoendo coisas que já passaram e principalmente que não voltam mais.. - Eu quero viver!- Repeti mais uma vez. A angústia não afetava mais o rosto nem o coração, agora eu me sentia outra, da qual eu idealizava alguns dias atrás.. Eu queria amar sem me comprometer, queria me sentir livre em qualquer relacionamento que eu poderia ter agora. A liberdade me fez sentir outra pessoa e eu queria mostrar para todos ao meu redor que tudo podia fluir muito bem, cada uma delas com sua individualidade.. Isso fez que eu olhasse o mundo de outra maneira e me sentisse muito bem adaptada a esse novo modo de ser.
Eu precisava sentir o tempo passar, o vento passar, o sol nascer e se por,porque a minha vida ali dependia de mim, da minha própria felicidade e não da falsa idéia que sempre vou precisar de alguém para realmente me sentir completa.. O inteiro depende da maneira de quem ver, e ao meu ver não vai ser com outra pessoa que eu vou achar a tal da felicidade, na verdade ela sempre esteve comigo - A felicidade sempre ficou dentro de mim! - isso me deixava cada vez melhor.. Eu estava realmente amando aquela tarde ensolarada que eu me conhecia, que me amava e me sentia mais bela. - Tudo passou, enfim. Passou para mim. - Agora eu posso ser ''eu'' novamente, agora com minhas próprias verdades..

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Mais café?

 


''- Olha o sol! Está tão lindo hoje,acho que acordou mais radiante. - Estava ali sentada em um banco e pensante há algumas horas. Não tinha nada em mente,era apenas um papel em branco, e estava ali fazendo de suas horas algum tipo de ritual que a renovava o espírito. Só mudava o foco até o momento de ter que voltar para a velha rotina de estudos e muito trabalho. - Nunca vi o sol tão brilhante como essa manhã. - As nuvens estavam em posições completamente projetadas,dando ao clariar do dia mais uma expressão de purificação. A mão se esticou para pegar o copo que havia ali perto, cheia de café, quente, da mesma maneira que seu coração. Havia algo acontecendo,assustadoramente, ali. Nunca havia parado alguns minutos para ver o nascer do sol.
Os raios solares pouco a pouco atingiam o seu cabelo,agora com tons de dourado e caramelo, que estava preso. Começava a iluminar uma face,agora, totalmente renovada e purificada, não parecia mais a menina que havia passado momentos ruins, algumas semanas atrás.O sol iluminava a face de uma mulher, e que me parecia totalmente oposta a que eu via na menina dessas semanas atrás. Uma nova menina, que era mulher. E estava sentada ali tomando seu café com o seu silêncio,afogada em seus pensamentos,abraçando a si mesma, cada vez mais.
Sua solidão era a melhor companhia agora,estava feliz e nem precisava de um espelho para ela mesma perceber o quanto estava linda naquela manhã. Apenas continuava seu ritual, o café começava a esfriar e seu coração batia mais devagar. Os olhos negros brilhavam a cada minuto que o sol ia se mostrando, parecia sair junto com ele uma nova esperança, um novo sonho seu, e tudo agora parecia fazer mais sentido. Quem nascera ali mais belo,mais radiante e diferente não era o sol, e sim seu coração, ele estava cada vez mais limpo, mais belo, mais radiante e cada vez mais vivo.''

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

o que ninguém vê.

Andar pela rua me era tão fascinante como imaginar cenas de livros.. Já perdi as contas de quantas vezes me pegava observando as pessoas fazerem suas atividades - e quantas vezes perdi a parada. - me deixava abismada saber que muitas pessoas ali seguiam apenas uma agenda completamente marcada,com horários certos,saídas certas, nada de diferente, tudo sempre igual. Na verdade não eram pessoas, e sim máquinas,que comiam e bebiam, mas não viviam. Os olhos de todos me pareciam igual, a mesma expressão de cansaço e morbidez, pareciam fracos e sem nenhuma força para viver. Estavam ali, mas em outro lugar.
Desci mais uma vez do ônibus que pegava todas as minhas manhãs, segurei a bolsa junto ao coração, ele ainda andava apertado dos últimos dias, parecia não querer curar.Mas o empurrão da vida me fazia segurar algumas horas por dia tudo que se passava nele,desde a vontade de gritar a vontade de sair vivendo descontroladamente. Sinceramente precisava de férias, daquelas que você desaparece no mínimo uns 15 dias e quando volta, vem com aquele sorriso faceiro e a sede de viver. Precisava olhar o mundo sem aqueles olhos morbidos que eu via diariamente, precisava encontrar corações,almas, principalmente pessoas com almas e não vê-las vagando por aí no olhar das pessoas. Estava insaciável de querer amar, de ser amada, ser protegida, de poder gritar pro mundo o quanto a vida poderia ser bela. Mas eu andava gritando internamente, eu e meu imenso vazio mais que acostumado a não ver graça em ninguém, ou até mesmo não ver graça em nada.. Estava me habituando a ser só mais um olhar perdido dentro da multidão - E não queria ser! - mas além de ser empurrada a viver, era empurrada a ser mais fria,mais solitária e cautelosa.. esperando alguém com a minha mesma curiosidade de viver,simplismente aparecer.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Catch a fire.

Acordei meio que desorientada nos últimos dias, mas hoje tinha sido um dia diferente, parecia que eu tinha renascido e não acordado,era totalmente diferente do que eu vinha passando nos últimos dias,sempre dormindo mal e pouco, acordando fácil.. Era sempre aquela dor, aquele aperto quase que incurável.Mas o aperto continuava ali,só que cada dia mais fraco, cada vez mais leve e cada vez mais esquecido.
Voltei a me deitar para tentar acordar no outro dia para me sentir melhor, mais forte,mas como sempre acontece, fiquei perdida naqueles pensamentos vagos de nostalgia, o que me faria esquecer aquilo tudo? Ou nunca esqueceria? Porque o fim de qualquer coisa incomodava tanto? A vontade que me dava era de levantar daquela cama e simplismente desaparecer do mundo por alguns minutos, dá um fim a existência nem que por alguns segundos só para sentir a alma mais leve,me sentir um pouco limpa e renovada.. A rotina parecia consumir tudo que era de bom em mim,dos amores até os amigos, nada estava querendo mais ficar em seu lugar e eu simplismente queria mudar aquilo que me causava dores intermináveis e incuráveis. Sentia aqui, mais uma vez de expor toda essa complexidade de sentimentos,quantas vezes mais iria me perguntar o quanto iria sofrer? quanto mais iria segurar toda aquela dor? Foi nesse mergulho em sentimentos que houve um grito interno, uma vontade de me salvar, mais uma vez, de reagir mais uma vez de tentar correr atrás de tudo que estava me sendo tomado,mesmo sabendo que algumas não voltariam ao seu lugar e certamente não seriam a mesma coisa,talvez, nunca mais.
Com as poucas experiências que passei - e as várias que ainda vou passar. - percebi, com as dores, que nem todo mundo estava apto a amar e ser amado,que nem todo mundo tenta perdoar e ser perdoado, nem todo mundo tem esse momento de reflexão para ser uma pessoa melhor,ou pelo menos tentar.. O amor entre os seres se tornou cada vez mais pisoteado,mais escasso, e ficava eu em um monólogo, o quanto mais eu teria que viver para ver cada vez mais a frieza humana diante da sua própria raça? me doía só em pensar..
A realidade me puxava de volta para minha cama que começava a ser fria,silenciosa e cada vez mais úmida...

sábado, 2 de outubro de 2010

Relicário.

''Bleen, blong'' fazia mais uma vez a porta do meu guarda-roupa de ferro mais velho que eu. Lá estava eu mechendo mais uma vez no entulho de coisas que existe dentro dele.. tentando arrumá-lo - espero! - mas fica impossível com o mundo que existe dentro dele, e nesse mundo, achei uma antiga caixa, daquelas que você guarda qualquer tipo de recordação,de cartas a pequenas lembranças,umas coisas com muito valor e outras que nem tanto,que as vezes nem lembro porque estão ali.. resolvi limpar aquela parte de mim que estava na caixa, a parte que me incomodava, que sempre me lembrava coisas ruins, mas deixei mais coisas que me lembravam coisas boas que ruins. Ao mesmo tempo que fazia essa limpeza na caixa, lavava ali a minha alma por inteiro,retirava as dores, os vícios,as mágoas e tudo que um dia teria me feito mal. Uma gota veio não sei de onde, olhei-me e percebi que estava repleta de lembraças e lágrimas,seria aquilo uma fraqueza ou será que nem tudo realmente passou? Era difícil me questionar sobre aquelas coisas que estavam enterradas há tanto tempo, que me causava tantas memórias mortas, se assim posso dizer.. Sei que aquele sentimento de angustia eu queria longe de mim - e fiz o máximo para mantê-los longe de mim - parecia agora me consumir, porque pessoas e sentimentos tinham tomado aquele rumo? - creio que essa resposta iria me acompanhar pro resto da vida..
Eu tive que passar por cima dessas recordações e continuar arrumando aquele guarda-roupa velho e que fazia o mesmo barulho toda vez que eu mechia nele, o mesmo que me trazia a união de duas épocas diferentes da minha vida, a infância e a juventude..coisas que só esse guarda-roupa vai saber, pro resto da minha vida,quem imaginaria um objeto saber mais de mim mesma do que qualquer outra pessoa da minha vida? é, tenho que voltar a minha rotina.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Aquarela.

Ontem olhei mais uma vez pela janela e mais uma vez não encontrei o que queria ver, via apenas uma parede branca - dessa vez,literalmente branca - mas onde estava todo aquela mistura de cores que eu costumava ver diariamente quando olhava para a janela? Onde estaria agora toda aquelas cores? Sentei-me na minha mesinha que está do lado da janela.. os raios solares continuavam a bater da mesma maneira que sempre batiam,acabando por iluminar tudo que havia no quarto,uma iluminação da qual todas as manhãs me dava as boas vindas de mais um dia estava começando.. Fiquei olhando diretamente para as várias fotos que se encontram no meu quarto, me perdia com as várias imagens espalhadas por paredes e móveis, mais uma vez já estava perdida em meus pensamentos - coisa que não é difícil de acontecer - dessa vez pensando sobre as cores que tinham desaparecido da minha janela.. Há muitas cores no quarto, mas nenhuma era a cor que eu sempre via na janela,a mesma que sempre me dava uma estranha sensação de renovação a cada vez que eu cruzava meu olhar naquela janela.. Afinal,onde havia parado? Estava me cansando de perguntar.. Até que. Olhei-me em um espelho, daqueles quadrados antigos e comuns, percebi o quanto o tempo tinha passado, não para o espelho, mas para mim.. Vi o quanto havia mudado e havia crescido,o quanto tinha me tornado mais amarga e quantas vezes tinha parado para pensar nisso tudo - nenhuma vez. Onde está a vida que eu tinha? Por onde se perdeu? Eu via hoje uma pessoa que deixou para trás muitas coisas, mas invés de aprender a conviver mais com as anormalidades humanas,fechei-me ao meu eu - e quanto! - e acabei por me resumir apenas a algumas poucas amizades,das quais eu fui ver seu real valor agora. Mas as cores,cadê? Eu voltei a vê-las no momento que reencontrei o ''eu'' de antes e comecei a procurar novos horizontes, novas pessoas,novos amores,novos sorrisos e principalmente, novas cores...