quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Egocentrismo




“…Mas eu desconfio que a única pessoa livre, realmente livre, é a que não tem medo do ridículo.” 
(Luis Fernando Veríssimo)
 Estava olhando ao meu redor procurando algo que na verdade estava dentro de mim, que vinha procurando dias e dias e acabava por não encontrar.. Nos últimos dias vinha procurando uma paixão, um amor.. por mim. Não havia se perdido, mas também não estava encontrada. Eu andava confusa, tentava entender mais o meu eu, repetia a cada dia aquele amor imenso por mim e tentativas frustadas me perseguiam, incansavelmente. Onde eu ia chegar com tudo aquilo? Egoísmo ou amor próprio?
Eu ia agora ao fundo do meu eu, buscando respostas que talvez não viessem.. - E se eu não pudesse ve-las agora? - Faltava algo no quebra cabeça, faltava a última peça que me daria, talvez, tudo o que eu quisesse, saindo dos conflitos e chegando a paz que eu tanto queria, será que seria assim? - Eu queria que fosse assim. - facilitando os caminhos e amenizando as dores.. desbancar as oportunidades que a vida me mostrava pelo menos algumas vezes, me sentindo realmente amante do meu ser. Apenas eu e meu espelho. Estava cansada de sair com os carinhas errados para poder achar o certo.. não foi assim que ensinaram? Mas não funcionava comigo. Precisava achar o errado que desse certo ou que apenas me desse conclusões certas.. algo tinha que dar certo na minha vida.. tudo já era errado demais. Havia erros e defeitos que nunca saiam de mim, por mais que eu fosse contra isso, eles grudavam mais que pisar em um chiclete.. eu queria realmente mudar, esquecer dos outros e pensar em mim.
Começava aí a tarefa difícil de colocar na balança com os meus defeitos e erros de um lado, do outro lado o meu amor pelo meu ser. Queria sempre pesar mais pelo lado do meu amor.. Cansada sempre de ser a ''boazinha'' e de pensar mais nos outros do que em mim, o mundo só me mostrava, nos últimos dias, como as pessoas são cruéis e só pensavam nelas mesmas.. porque eu,uma mera mortal, não poderia fazer o mesmo? Eu tenho vontade de ser amada por um homem que me faça esquecer dos piores problemas, mas ultimamente essa não era a minha prioridade e agora eu preferia mais seduzir, deixando a dúvida no ar, que mostrar algum interesse que me faria, com toda a certeza, achar que aquilo poderia ser diferente.. Acabei chamando isso de realidade e a outra parte de fantasia. Já era a hora da ''princesinha'' esquecer um pouco do príncipe e pensar em ser rainha, mas daquelas do tipo da era Vitoriana, que segue sem olhar para trás. Com a cabeça feita e o coração trancado,que certamente demoraria agora a se abrir para um qualquer que não me mostrasse seu potencial,não viril, mas seu diferencial, eu seguia agora meus objetivos de cara e alma lavada..Porque o eu te amo agora era para mim e  mais ninguém.. 

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Cinderela



- O que você faz todos os dias para ficar mais bela cada vez que a vejo? - Eu ri envergonhadamente.. quase sem fala. Afinal era um dos nossos primeiros encontros e eu já me sentia assim, tão especial para um estranho que só tinha alguns dias de conhecimento. Mas havia tanta coisa agindo no meu organismo, a adrenalina andava a mil,o coração não batia, pulava cada vez mais.. existia uma ânsia em querer abraça-lo, na verdade em querer ele para mim.. Mas isso era segredo.
Ele acariciava meu rosto e eu sentia como uma pena que passava cada vez mais devagar, acho que ele sentia prazer em me deixar feliz, em sentir a ponta do riso no meu rosto, porque seus dedos brincavam entre meu cabelo e minha face. Naquele momento me sentia amada e protegida, - Queria ele pra mim! - pensei silenciosamente. O pouco tempo que eu vinha me descobrindo,encontrei  algumas suspresas como a de ainda ter vontade de acreditar nas pessoas e principalmente que a  paixão ainda podia acontecer comigo, era como se eu fosse a cinderela que encontrava o  sapato que havia se perdido mas não por fugir e sim por querer realmente perdê-lo. Voltava agora para as minhas memórias trágicas, o medo de acontecer tudo novamente veio tão forte que o coração deu uma semi-parada, mas ao mesmo tempo recebi aquele abraço acolhedor e confortante. Ele surpreendentemente conseguia acalmar com toda a agústia que me agitava aquele momento.. até que de repente ele fala com aquela voz aveluda no meu ouvido... - Eu sinto uma coisa estranha com meu coração, você consegue sentir? - aquilo tornava-se melodia e as batidas no meu coração agora normalizavam-se..
O sol começava a se por, deixando as cores do meu cabelo mais escuras.. e decidimos ir embora. As ruas ali perto ficariam estranhas e o seu lado protetor não o deixaria acontecer nada comigo. Estava sendo inesquecível aquela tarde, estava nascendo uma nova amante e eu queria agarrar aquilo com toda a força que eu podia.. eu fitava seus olhos milhares de vezes e sentia que ele respondia todas as minhas perguntas sem eu sequer falar.
Depois de tantos olhares eu finalmente consegui dar um fim naquele silêncio,encostei em seu ombro antes de nos levantarmos e soltei abafadamente algumas palavras - Serais ce possible alors? (Seria possível então?) - O meu francês arrastado que aprendi com as musicas me deixava envergonhada.. e ele apenas sorriu e respondeu.. - c'est secret, lui dites pas que j'vous l'ai dit. ( isso é segredo, não diga a ele que eu disse a você ) - além da face, sorria meu coração.. e agora a tarde terminava com a sua melhor possibilidade. Andávamos de mãos dadas.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Formosa.


E hoje é começo de uma era de tudo que eu desejo a mim, de boas a ruins, desejo tudo novo.. De amores calientes a paixões passageiras, agora por mim todas deicididas, porque agora eu domino a situação e além de tudo sou domadora do meu  próprio ser. Deixando meu passado, que foi totalmente desgastado, para trás e levando comigo um novo coração que agora se abre pro mundo como uma flor que amanhece todos os dias e quer que mais beija-flores venham lhe visitar, não por precisar de alguém, mas para alimentar seu ego de mulher recém descoberta. Vai jogando seu sorriso aos que passam, deixando com cada um pouco dela, mas agora livre. - Eu quero tudo!
E onde se gardou aquela menina? Ela ainda existe, mas hoje ela tem objetivo e metas que são mais viáveis.. Os sonhos e os contos de fadas foram deixados para os filmes americanos. Ela quer verdades e não aceita mais conversinhas perdidas, ela cansou de idealizar o homem perfeito e começou a querer o homem que apenas segure a sua mão em um momento difícil, que a chame de linda todos os dias quando vê-la ou até mesmo que compreende um olhar perdido nas situações complicadas que a vida impõe. E o melhor de tudo, ela não procura por esse homem.. Ele vai aparecer no momento certo. Já diria o ditado '' Melhor só, que mal acompanhado '' ou até mesmo '' a pressa inimiga da perfeição ''. Agora é assim, tudo por mim decidido, analisado e repensado, a minha seleção se torna cada vez mais rigorosa. E a vontade de viver vem se tornando maior.. Porque a única coisa que me restou das minhas relações, frustadas ou não, foi essa  vontade de viver e conhecer novas pessoas, de preferência que me acrescentem cada vez mais.
O ritmo vai diminuindo, começo a olhar e reparar mais os lugares que eu ando e nunca antes tinha parado para analisar - E começo a ver coisas novas! - os barzinhos começam a ser agora um dos meus lugares preferidos, - Se tiver mpb então, já me considere sentada olhando o tempo passar.. -  não que não goste de sair e esquecer um pouco de todos os problemas, mas agora o som vai com uma batida diferente e vou vou seguindo esse ritmo, como quem nasce de novo. E a partir de hoje eu dito as regras e faço da minha vida uma nova melodia assim cheia de novos romances e sorrisos..

Como diria Vinicius..
'' É melhor ser alegre que ser triste
Alegria é a melhor coisa que existe
É assim como a luz no coração..''

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Break.




As vezes nos perguntamos porque os relacionamentos e as pessoas vão embora, a realidade é que não existe respostas certas, não existe verdades e muito menos mentiras... As pessoas vão porque elas tem que ir, porque a vida delas não se encaixam mais,são estações e elas tem que passar, feliz ou infelizmente. Sofrendo ou não, as pessoas acostumam-se a viver no pause, enquanto a vida na verdade não pára, ela continua seguindo caminhos diferentes, e quando nós olhamos o que estamos vivendo acabamos por ver que aquilo não lhe faz tão feliz como antes, que o conto de fadas acabou e que o príncipe foi sempre o sapo. Nós procuramos príncipes que na verdade nunca serão príncipes, todos são sapos.. a diferença é que o real príncipe a gente encontra quando ele dá a sensação de viver. Se não der, não insista, ele vai ser sempre sapo. - E não venha com meias conversas que a rotina cansa e muda, acredite, quem quer faz por onde. Eu mesma tive crises que fiz voltar a felicidade inovando.. - A verdade é essa, não é a rotina,são as pessoas, elas deixam chegar até o ponto que se torna chato, incômodo. E isso acaba, enfim acaba, sempre ruim para um dos lados. Não existe meio termo, cada um com sua conduta e agindo de acordo com seu instinto. É nessas horas que acabamos nos decepcionando com a idealização que fazemos sobre as pessoas e a realidade cai em cima de nós como um tapa da vida. - Elas têm que ir embora, e vão!
Passa o inverno, vem a primavera,junto com ela volta os sorrisos, uma nova esperança que tudo pode ser diferente, porque no fundo todo mundo não perde a sua... E ela volta com a vontade de viver e de ser mais. A gente pode desacreditar das pessoas, mas nunca de nós, a vida pode seguir do seu jeitinho preguiçoso e até sem graça, mas um dia todo aquele sentimentalismo volta com novos rostos e novas características, só que cada vez mais experiente. Nós passamos a selecionar cada vez mais a pessoas que vão ficando, e a capacidade de nos comover de alguma maneira, torna-se o meio mais frequente, porque falsos sentimentos não nos encaixam mais. Aí sim, a estação muda de novo, dessa vez com novidades e novos batimentos acelerados,o verão. A vida vai tratando de enterrar tudo o que não nos cabe mais ou nos faz mal. E é sempre assim, se renovando, formando novos ciclos, passando por altos e baixos.. Deixando o pause de lado e começando a apertar o play.

sábado, 30 de outubro de 2010

viver enfim, para mim.




- Que paz é essa? - Suspirei mais uma vez com o ar entrando e me dando não mais oxigênio,mas sim, vida. O peso finalmente saía de mim e voltava a vida, a novidade, o desejo e uma vontade de v i v e r. - Viver! - Repeti isso inúmeras vezes - simplesmente viver, sem nada demais. Seria tão simples assim começar uma nova etapa da vida? Sem dores, sem dúvidas, sem cobranças, ser simples e útil ao mesmo tempo? Não queria saber de nada, estava querendo encarar tudo, tudo junto e de vez.. Para sentir a adrenalina pulsando novamente em minhas veias, me sentir quente, nova; uma mulher nova, diria eu;ser desejada e desejar alguém.. sentir todas as borboletações na barriga algum dia de novo, por um alguém que possa sentir o mesmo e querer o mesmo de mim.
Será que seria tão difícil assim? Eu sei que eu me amava mais que nunca naquele momento, me sentia mais completa por dentro e mais bela, cada vez mais. A vida me passava agora não como mais um peso, mas como um vento que vem limpando tudo, levando e deixando tudo para trás. Mágoas? Isso,sinceramente, fica para quem quiser sofrer, quem quiser ficar o resto da vida chorando e remoendo coisas que já passaram e principalmente que não voltam mais.. - Eu quero viver!- Repeti mais uma vez. A angústia não afetava mais o rosto nem o coração, agora eu me sentia outra, da qual eu idealizava alguns dias atrás.. Eu queria amar sem me comprometer, queria me sentir livre em qualquer relacionamento que eu poderia ter agora. A liberdade me fez sentir outra pessoa e eu queria mostrar para todos ao meu redor que tudo podia fluir muito bem, cada uma delas com sua individualidade.. Isso fez que eu olhasse o mundo de outra maneira e me sentisse muito bem adaptada a esse novo modo de ser.
Eu precisava sentir o tempo passar, o vento passar, o sol nascer e se por,porque a minha vida ali dependia de mim, da minha própria felicidade e não da falsa idéia que sempre vou precisar de alguém para realmente me sentir completa.. O inteiro depende da maneira de quem ver, e ao meu ver não vai ser com outra pessoa que eu vou achar a tal da felicidade, na verdade ela sempre esteve comigo - A felicidade sempre ficou dentro de mim! - isso me deixava cada vez melhor.. Eu estava realmente amando aquela tarde ensolarada que eu me conhecia, que me amava e me sentia mais bela. - Tudo passou, enfim. Passou para mim. - Agora eu posso ser ''eu'' novamente, agora com minhas próprias verdades..

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Mais café?

 


''- Olha o sol! Está tão lindo hoje,acho que acordou mais radiante. - Estava ali sentada em um banco e pensante há algumas horas. Não tinha nada em mente,era apenas um papel em branco, e estava ali fazendo de suas horas algum tipo de ritual que a renovava o espírito. Só mudava o foco até o momento de ter que voltar para a velha rotina de estudos e muito trabalho. - Nunca vi o sol tão brilhante como essa manhã. - As nuvens estavam em posições completamente projetadas,dando ao clariar do dia mais uma expressão de purificação. A mão se esticou para pegar o copo que havia ali perto, cheia de café, quente, da mesma maneira que seu coração. Havia algo acontecendo,assustadoramente, ali. Nunca havia parado alguns minutos para ver o nascer do sol.
Os raios solares pouco a pouco atingiam o seu cabelo,agora com tons de dourado e caramelo, que estava preso. Começava a iluminar uma face,agora, totalmente renovada e purificada, não parecia mais a menina que havia passado momentos ruins, algumas semanas atrás.O sol iluminava a face de uma mulher, e que me parecia totalmente oposta a que eu via na menina dessas semanas atrás. Uma nova menina, que era mulher. E estava sentada ali tomando seu café com o seu silêncio,afogada em seus pensamentos,abraçando a si mesma, cada vez mais.
Sua solidão era a melhor companhia agora,estava feliz e nem precisava de um espelho para ela mesma perceber o quanto estava linda naquela manhã. Apenas continuava seu ritual, o café começava a esfriar e seu coração batia mais devagar. Os olhos negros brilhavam a cada minuto que o sol ia se mostrando, parecia sair junto com ele uma nova esperança, um novo sonho seu, e tudo agora parecia fazer mais sentido. Quem nascera ali mais belo,mais radiante e diferente não era o sol, e sim seu coração, ele estava cada vez mais limpo, mais belo, mais radiante e cada vez mais vivo.''

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

o que ninguém vê.

Andar pela rua me era tão fascinante como imaginar cenas de livros.. Já perdi as contas de quantas vezes me pegava observando as pessoas fazerem suas atividades - e quantas vezes perdi a parada. - me deixava abismada saber que muitas pessoas ali seguiam apenas uma agenda completamente marcada,com horários certos,saídas certas, nada de diferente, tudo sempre igual. Na verdade não eram pessoas, e sim máquinas,que comiam e bebiam, mas não viviam. Os olhos de todos me pareciam igual, a mesma expressão de cansaço e morbidez, pareciam fracos e sem nenhuma força para viver. Estavam ali, mas em outro lugar.
Desci mais uma vez do ônibus que pegava todas as minhas manhãs, segurei a bolsa junto ao coração, ele ainda andava apertado dos últimos dias, parecia não querer curar.Mas o empurrão da vida me fazia segurar algumas horas por dia tudo que se passava nele,desde a vontade de gritar a vontade de sair vivendo descontroladamente. Sinceramente precisava de férias, daquelas que você desaparece no mínimo uns 15 dias e quando volta, vem com aquele sorriso faceiro e a sede de viver. Precisava olhar o mundo sem aqueles olhos morbidos que eu via diariamente, precisava encontrar corações,almas, principalmente pessoas com almas e não vê-las vagando por aí no olhar das pessoas. Estava insaciável de querer amar, de ser amada, ser protegida, de poder gritar pro mundo o quanto a vida poderia ser bela. Mas eu andava gritando internamente, eu e meu imenso vazio mais que acostumado a não ver graça em ninguém, ou até mesmo não ver graça em nada.. Estava me habituando a ser só mais um olhar perdido dentro da multidão - E não queria ser! - mas além de ser empurrada a viver, era empurrada a ser mais fria,mais solitária e cautelosa.. esperando alguém com a minha mesma curiosidade de viver,simplismente aparecer.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Catch a fire.

Acordei meio que desorientada nos últimos dias, mas hoje tinha sido um dia diferente, parecia que eu tinha renascido e não acordado,era totalmente diferente do que eu vinha passando nos últimos dias,sempre dormindo mal e pouco, acordando fácil.. Era sempre aquela dor, aquele aperto quase que incurável.Mas o aperto continuava ali,só que cada dia mais fraco, cada vez mais leve e cada vez mais esquecido.
Voltei a me deitar para tentar acordar no outro dia para me sentir melhor, mais forte,mas como sempre acontece, fiquei perdida naqueles pensamentos vagos de nostalgia, o que me faria esquecer aquilo tudo? Ou nunca esqueceria? Porque o fim de qualquer coisa incomodava tanto? A vontade que me dava era de levantar daquela cama e simplismente desaparecer do mundo por alguns minutos, dá um fim a existência nem que por alguns segundos só para sentir a alma mais leve,me sentir um pouco limpa e renovada.. A rotina parecia consumir tudo que era de bom em mim,dos amores até os amigos, nada estava querendo mais ficar em seu lugar e eu simplismente queria mudar aquilo que me causava dores intermináveis e incuráveis. Sentia aqui, mais uma vez de expor toda essa complexidade de sentimentos,quantas vezes mais iria me perguntar o quanto iria sofrer? quanto mais iria segurar toda aquela dor? Foi nesse mergulho em sentimentos que houve um grito interno, uma vontade de me salvar, mais uma vez, de reagir mais uma vez de tentar correr atrás de tudo que estava me sendo tomado,mesmo sabendo que algumas não voltariam ao seu lugar e certamente não seriam a mesma coisa,talvez, nunca mais.
Com as poucas experiências que passei - e as várias que ainda vou passar. - percebi, com as dores, que nem todo mundo estava apto a amar e ser amado,que nem todo mundo tenta perdoar e ser perdoado, nem todo mundo tem esse momento de reflexão para ser uma pessoa melhor,ou pelo menos tentar.. O amor entre os seres se tornou cada vez mais pisoteado,mais escasso, e ficava eu em um monólogo, o quanto mais eu teria que viver para ver cada vez mais a frieza humana diante da sua própria raça? me doía só em pensar..
A realidade me puxava de volta para minha cama que começava a ser fria,silenciosa e cada vez mais úmida...

sábado, 2 de outubro de 2010

Relicário.

''Bleen, blong'' fazia mais uma vez a porta do meu guarda-roupa de ferro mais velho que eu. Lá estava eu mechendo mais uma vez no entulho de coisas que existe dentro dele.. tentando arrumá-lo - espero! - mas fica impossível com o mundo que existe dentro dele, e nesse mundo, achei uma antiga caixa, daquelas que você guarda qualquer tipo de recordação,de cartas a pequenas lembranças,umas coisas com muito valor e outras que nem tanto,que as vezes nem lembro porque estão ali.. resolvi limpar aquela parte de mim que estava na caixa, a parte que me incomodava, que sempre me lembrava coisas ruins, mas deixei mais coisas que me lembravam coisas boas que ruins. Ao mesmo tempo que fazia essa limpeza na caixa, lavava ali a minha alma por inteiro,retirava as dores, os vícios,as mágoas e tudo que um dia teria me feito mal. Uma gota veio não sei de onde, olhei-me e percebi que estava repleta de lembraças e lágrimas,seria aquilo uma fraqueza ou será que nem tudo realmente passou? Era difícil me questionar sobre aquelas coisas que estavam enterradas há tanto tempo, que me causava tantas memórias mortas, se assim posso dizer.. Sei que aquele sentimento de angustia eu queria longe de mim - e fiz o máximo para mantê-los longe de mim - parecia agora me consumir, porque pessoas e sentimentos tinham tomado aquele rumo? - creio que essa resposta iria me acompanhar pro resto da vida..
Eu tive que passar por cima dessas recordações e continuar arrumando aquele guarda-roupa velho e que fazia o mesmo barulho toda vez que eu mechia nele, o mesmo que me trazia a união de duas épocas diferentes da minha vida, a infância e a juventude..coisas que só esse guarda-roupa vai saber, pro resto da minha vida,quem imaginaria um objeto saber mais de mim mesma do que qualquer outra pessoa da minha vida? é, tenho que voltar a minha rotina.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Aquarela.

Ontem olhei mais uma vez pela janela e mais uma vez não encontrei o que queria ver, via apenas uma parede branca - dessa vez,literalmente branca - mas onde estava todo aquela mistura de cores que eu costumava ver diariamente quando olhava para a janela? Onde estaria agora toda aquelas cores? Sentei-me na minha mesinha que está do lado da janela.. os raios solares continuavam a bater da mesma maneira que sempre batiam,acabando por iluminar tudo que havia no quarto,uma iluminação da qual todas as manhãs me dava as boas vindas de mais um dia estava começando.. Fiquei olhando diretamente para as várias fotos que se encontram no meu quarto, me perdia com as várias imagens espalhadas por paredes e móveis, mais uma vez já estava perdida em meus pensamentos - coisa que não é difícil de acontecer - dessa vez pensando sobre as cores que tinham desaparecido da minha janela.. Há muitas cores no quarto, mas nenhuma era a cor que eu sempre via na janela,a mesma que sempre me dava uma estranha sensação de renovação a cada vez que eu cruzava meu olhar naquela janela.. Afinal,onde havia parado? Estava me cansando de perguntar.. Até que. Olhei-me em um espelho, daqueles quadrados antigos e comuns, percebi o quanto o tempo tinha passado, não para o espelho, mas para mim.. Vi o quanto havia mudado e havia crescido,o quanto tinha me tornado mais amarga e quantas vezes tinha parado para pensar nisso tudo - nenhuma vez. Onde está a vida que eu tinha? Por onde se perdeu? Eu via hoje uma pessoa que deixou para trás muitas coisas, mas invés de aprender a conviver mais com as anormalidades humanas,fechei-me ao meu eu - e quanto! - e acabei por me resumir apenas a algumas poucas amizades,das quais eu fui ver seu real valor agora. Mas as cores,cadê? Eu voltei a vê-las no momento que reencontrei o ''eu'' de antes e comecei a procurar novos horizontes, novas pessoas,novos amores,novos sorrisos e principalmente, novas cores...

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Ben.

Certo dia estava eu e ele perdidos em um pensamento, um raciocínio que não chegaria a lugar algum,mas continuaria ali um silêncio quase mortal que separaria um ''nós'', e deixaríamos para trás um ''eu''.. Mas afinal, a que pontos chegamos aqui? Começaria aqui um retrocesso - ao início - de todo esse silêncio e nostalgia?
Minhas mãos se entrelaçavam e cada vez que olhava ao meu redor; as pessoas rindo, as crianças brincando e sol tendo sua última oportunidade de clariar a vida; eles me lembram uma infância que eu imaginei ter tido ou que pelo menos esperei ter. De repente eu estava viajando em meus pequenos pensamentos que começaram a ser grandes sonhos ou sonhos que eu imaginei ter algum dia, poderiam ser idéias atordoadas que apenas queriam ter um tempo pra elas mesmas, um tempo que não tivera até então..

Parei. Uma criança parou e sorriu com um sorriso que tinha claridade - esplêndida - olhos de um amor que era difícil de encontrar nos seres humanos, a pureza e a alegria que me fazia esquecer todo aquele silêncio que cheguei a me questionar de onde teria começado.. afinal porque eu estava me surpreendendo tanto com aquilo que estava acontecendo,são coisas da vida, coisas que todo mundo passa, dificuldades que têm - e devem - ser ultrapassadas.. Mas porque todo mundo diz ''isso tudo passa, algum dia passa'' se nós sabemos que tem coisas que não passam e teimam a nos pertubar cada dia das nossas vidas.. Seria ali o fim e o começo pra mais uma dor? É.. Deixei-me levar por minhas aventuras mentais e comecei a voltar a realidade, uma realidade a qual não queria voltar - mas devia.

Voltamos ao começo estava eu e o meu coração mais uma vez questionando para onde íamos,o que queríamos e onde chegaríamos - mais uma vez. Queria saber quantas vezes ia parar no mesmo lugar, pensaria várias vezes e chegaria a mesma conclusão que continuo sem resolver nada e apenas fazendo da minha vida O hoje, sem projetos, sem esperas e sempre me surpreendendo mais? Seria que ''Eles não vêem como eu vejo..
Eu gostaria que eles tentassem,tenho certeza de que pensariam novamente e se tivessem um amigo como o Ben'' - meu coração Ben - fariam as coisas diferentes, viveriam diferente e teriam uma quebra da realidade parecida ou totalmente diferente da minha..

domingo, 8 de agosto de 2010

Repars

''É estranho começar um ciclo novamente,ou ao menos começar um novo ciclo.. difícil por você ter que retomar antigos hábitos e ter que se adequar novamente. Sempre quando retorno pra uma antiga rotina tento criar atividades que me façam tirar um pouco a cabeça dela, seja um cinema,um dia falando com alguém ou até mesmo fazendo nada. É sempre bom você ter um dia para si,um dia para ver o que fez durante a semana,ou o que deve fazer ainda.. relaxar sempre é bom,mas relaxar é diferente de se acomodar.''

"Mudei muito, e não preciso que acreditem na minha mudança para que eu tenha mudado." Caio Fernando Abreu

definitivamente, repars.



- Ah, vida de vestibulando, porque não me deixas?

terça-feira, 27 de julho de 2010

"... mas preciso de magia. Não consigo viver em preto e branco."

É! As vezes a gente precisa de um tempo pra si, um tempo de sorri, um tempo de pensar, um tempo pra esquecer.. Nós continuamos vivendo no meio de um turbilhão de sentimentos que as vezes se chocam, as vezes propositalmente.. mas outras vezes por puro acaso. Complicado exteriorizar seus sentimentos, nem todo mundo vai entender se hoje você vai estar de tpm e amanhã você sair dando pulinhos por aí.

Cada um com seu humor e nós temos que compreender isso, ou pelo menos tentar,nem sempre é possível, mas o convívio com pessoas de diferentes tipos, faz você amadurecer bastante a idéia de que ninguém realmente vai entender alguém por completo..


''Pois bem, suavemente, um dia empurrando o outro, uma primavera após um inverno e um outono depois de um verão, tudo deslizou pouco a pouco, pedacinho por pedacinho; foi embora, partiu, desceu, quero dizer, pois sempre resta alguma coisa no fundo, assim como… um peso, aqui no peito!''
(Trecho do Livro Madame Bovary, de Gustave Flaubert.)

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Bicho de sete cabeças..

'' Tem dias que você sofre,chora,levanta e amadurece.. é assim,ciclos.. e quantos ciclos passamos por essa vida tão efêmera, quando menos se vê, já passou, já se amou e depois se morre..''


saudade de escrever.. vou tentar frequentar mais isso.

''Não dá pé
Não tem pé, nem cabeça
Não tem ninguém que mereça
Não tem coração que esqueça
Não tem jeito mesmo
Não tem dó no peito
Não tem nem talvez ter feito
O que você me fez desapareça
Cresça e desapareça... '' Geraldo azevedo.

terça-feira, 6 de abril de 2010

É isso aí..



'' Sabe nos dias que você escreve por escrever? Hoje é desses dias. Nas horas vagas o meu hábito de escrever me conseme, as idéias fica pipocando na cabeça, daí vem um leque de informações, lembranças,sentimentos,sonhos, aquela música que você lembra de um determinado momento... O difícil é conseguir organizar tudo de uma vez e transformar tudo em palavras para um papel,quantas vezes esqueci idéias antes de dormir, por apenas estar pensando no meu dia, quantas vezes ao tomar banho pensei e repensei em coisas do meu cotidiano,lembranças e pensamentos que talvez se tornassem fabulosas crônicas. Mas as melhores palavras não as que se escreve são as que se sente e permanecem com a gente, e quem sabe elas nunca devem ser desvendadas. Afinal, ninguém sabia o que era a pedra no meio do caminho de Drummond, apenas soube que era um problema, algo que o pertubava, mas esse segredo permaneceu com ele. Algumas devem permanecer no espelho, o seu, nunca deve sair de lá,e talvez virar Memórias Póstumas.''



''Eu nunca aceitei a simplicidade do sentimento. Eu sempre quis entender de onde vinha tanta loucura, tanta emoção. '' (Tati Bernadi.)

terça-feira, 30 de março de 2010

Ira - Rabia - Hate - la colère

'' - Quem não tem? Uns já acordam com.. mas a raiva é um dos três sentimentos mais complexos.. três irmãos que andam lado a lado do amor e da desilusão. Como diria Carlos Drummond ''Ninguém é igual a ninguém. Todo o ser humano é um estranho ímpar.. '' então cada um reage de maneiras diferentes a determinadas situações. Seja qual for, você imagina como seria o ser humano sem a ira? Uma certeza? Aconteceria menos guerras ou seria o fator principal da nossa própria seleção natural, descrita por Darwin?
Em um momento de raiva não existe certo ou errado, existe apenas o sentimento, puro, vivo e que acaba mostrando o nosso lado animalesco a flor da pele.. Isso não foi extinto na evolução que tivemos,segundo os cientistas dizem, nos milhões de anos atrás.. Uma forma de se defender? Ou a arma de ataque? ''

.. E que prevaleça a lei do mais forte.

(Dias confabulando com a minha mente.)

sábado, 27 de março de 2010

Findí.

'' Todo mundo espera a chegada da sexta e esquece que o domingo passa rápido, bem rápido.. No fim,todos acabam começando sua folga na sexta e se entrega ao tédio do domingo.. uns saem,outros não,e quem sabe alguns reunam os amigos,outros preferem manter uma certa distância, se isolam, quase colocam uma placa em frente a sua casa dizendo '' hoje não é dia de visitas!'' .. E eles ainda agradecem a chamada tecnologia, a oferta da acomodação,a comunicação rápida, sem precisar abrir as portas de casa para se comunicar. Alguns já não sabem viver sem ela, enquanto outros fogem dessa exagerada massa tecnológica,que, segundo eles, nos prende a uma tela brilhosa.
Curta seu fim de semana..quando a velhice chegar, espero ter boas histórias para contar dos meus ''fins'' de semana, talvez quando chegar ao fim,não da semana, mas da vida, talvez não tenha mais tempo de dizer o quanto podia ser feliz nesses pequenos intervalos...''

Escrito em uma aula de português, em plena sexta-feira, o que o tédio não faz...